Texto 1
(Do livro: O que é cidade – Raquel Rolnik – Ed. Brasiliense – 1988 – pág. 40-43)
Nas grandes Cidades hoje, é fácil identificar territórios diferenciados: ali é o bairro das mansões e palacetes, acolá o centro de negócios, adiante o bairro boêmio onde rola a vida noturna, mais à frente o distrito industrial, ou ainda o bairro proletário. Assim quando alguém, referindo-se ao Rio de Janeiro fala em Zona Sul Ou Baixada Fluminense, sabemos que se trata de dois Rios de Janeiro bastante diferentes; assim como pensando em Brasília lembramos do plano-piloto, das mansões do lago ou das cidades satélites. Podemos dizer que hoje nossas cidades têm sua zona sul e sua baixada, sua "zona", sua Wall Street e seu ABC. É corno se a cidade fosse um imenso quebra-cabeças, feito de peças diferenciadas, onde cada qual conhece seu lugar e se sente estrangeiro nos demais. É a este movimento de separação das classes sociais e funções no espaço urbano que os estudiosos da cidade chamam de segregação espacial.
Entre as torres envidraçadas e gestos tensos dos homens de terno e pasta de executivo, meninas pulando corda e jogando amarelinha estariam totalmente deslocadas; assim como não há travesti que faca michê na porta do Citibank às 3 horas da tarde. Não se vê vitrinas de mármore, aço escovado e neon na periferia, nem lama ou falta d'água no Leblon (Rio), Savassi (Belo Horizonte) ou Boa Viagem (Recife). É como se a cidade fosse demarcada por cercas, fronteiras imaginárias, que definem o lugar de cada coisa e de cada um dos moradores.
As meninas pulando corda e jogando amarelinha, fechadas no pátio da escola, se separam da rua por uma muralha de verdade, alta, inexpugnável; já a fronteira entre um bairro popular e um bairro chique pode ser uma rua, uma ponte, ou simplesmente não ser nada muito aparente, mas somente uma imagem, um ponto, uma esquina. Em algumas cidades, como em Joanesburgo, na África do Sul, placas sinalizam a segregação, indicando os territórios permitidos ou proibidos para os negros. As áreas restritas são protegidas por forças policiais que podem prender quem por ali circular sem autorização. Neste caso, a segregação é descarada e violenta.
A segregação é manifesta também no caso dos condomínios fechados – muros de verdade, além de controles eletrônicos zelam pela segurança dos moradores, o que significa o controle minucioso das trocas daquele lugar com O exterior. Além de um recorte de classe, raça ou faixa etária, a segregação também se expressa através da separação dos locais de trabalho em relação aos locais de moradia. A cena clássica cotidiana das grandes massas se deslocando nos transportes coletivos superlotados ou no trânsito engarrafado são a expressão mais acabada desta separação - diariamente ternos que percorrer grandes distâncias para ir trabalhar ou estudar. Com isto, bairros inteiros das cidades ficam completamente desertos de dia, os bairros-dormitórios, assim como algumas regiões comerciais e bancárias parecem cenários ou cidades-fantasmas para quem a percorre à noite.
Com isto, bairros inteiros das cidades ficam completamente desertos de dia, os bairros-dormitórios, assim como algumas regiões comerciais e bancárias parecem cenários ou cidades-fantasmas para quem as percorre à noite. Finalmente, além dos territórios específicos e separados para cada grupo social, além da separação das funções morar e trabalhar, a segregação é patente na visibilidade da desigualdade de tratamento por parte das administrações locais. Existem por exemplo, setores da cidade onde o lixo é recolhido duas ou mais vezes por dia; outros, uma vez por semana; outros, ainda, onde o lixo, ao invés de recolhido, é despejado. As imensas periferias sem água, luz ou esgoto são evidências claras desta política discriminatória por parte do poder público, um dos fortes elementos produtores da segregação.
(Extraído do livro: O Desafio Metropolitano – Marcelo Lopes de Souza – Bertrand Brasil – 2005 – 365p.).
“(…) o que se vau gerando e uma espacialidade caracterizada por serios conflitos e tensões, pelo desafio do Estado e ao controle territorial estatal representado por grupos criminosos e pelas estratégias defensivas utilizadas por parcelas das camadas medias e altas da sociedade. A cidade que daí emerge e, ao mesmo tempo, uma unidade espacial interna e externamente integrada sob o ângulo econômico (inclusive no que tange as atividades ilegais, viabilizadas mediante a constituição, o adensamento e a expansão de redes ilícitas articulando numerosos pontos) e um espaço local cada vez mais fraturado sociopoliticamente e menos vivenciado como um ambiente comum de socialização. Pode-se arriscar mesmo a tese de que o que esta em jogo (...) e a própria cidade em seu sentido usual (ou seja, como uma unidade na diversidade, onde as tradições de classe, as tensões de fundo étnico e a segregação residencial daí decorrente não eliminam a percepção de cidade como uma entidade geográfica coerente)”.
Apos a leitura dos textos, elabore um resumo aplicando os conceitos que foram discutidos em sala ao conteudo apresentado.
5 comentários:
Só tô comentando pra você saber que alguém leu e ficar feliz, hahuaha...
Cara, é uma pena a UFRJ ser tão irracional a ponto de fazer um grupo em que há História e não há Geografia, porque esta seria a minha segunda opção (Direito é a primeira e, por falta de coisa melhor, Sociologia é a segunda). Beijos no coração =)
muito bom!muito útil para o meu trabalho :)
Ótiimoo, ajudou muito no trabalho que tive que fazer para o meu iirmão! dhuisahdoiashduiasasd♥
Ótiiimo! Ajudou muito no trabalho que tive que fazer paraa o meu irmãão! HDUIOSHUDIHUDIOASD' ♥
adorei está falando tudo sobre a sociedade e sua sobrevivencia muito bom.... vo tira 10 de nota hehehehehehe
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