Queridos alunos,
Segue um texto, elaborado com a colaboração do graduando em Geografia Kairo Santos, sobre os movimentos migratórios para o Brasil no início do Século XXI. Boa leitura.
O tema da redação do ENEM 2012 foi de cunho bastante geográfico. Falar
sobre o movimento imigratório para o Brasil neste século é analisar a
conjuntura em que o país e seus vizinhos estão inseridos atualmente.
A abordagem do tema nos permite seguir por alguns caminhos. Destacamos
duas linhas. A primeira refere-se à imigração de mão de obra qualificada. Esta
tem sido muito incentivada pelo governo brasileiro na última década, face aos
déficits de mão de obra formada que o país tem, aliado a disponibilidade de trabalhadores
no mercado mundial. Ela se torna oriunda principalmente de países europeus
(Portugal e Espanha) e dos Estados Unidos. A segunda linha refere-se à mão de
obra pouco ou não qualificada, como é o caso de muitos latino-americanos que
migram para o território em busca de melhores condições de vida, e de
africanos, sobretudo da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa).
Em ambos os casos, o principal fator em comum que atrai essas pessoas
para o Brasil é sem dúvida a disponibilidade de uma vaga no mercado de trabalho
(através de empregos formais ou informais). Esta busca por melhores condições
de vida em um país como o Brasil surge, principalmente, após a crise iniciada
em 2008, que atingiu os Estados Unidos e o cenário global.
A crise mundial do capitalismo por mais amena que esteja ainda reflete
suas consequências nos países europeus e latino-americanos. As taxas de
desemprego em países como os pertencentes ao acrônimo PIIGS (Portugal, Itália,
Irlanda, Grécia e Espanha), ultrapassam os 15% e
parte da população teve sua renda familiar comprometida. Dívidas acumuladas,
hipotecas, o caos financeiro: esse é o panorama da crise. O caminho para muitos
foi emigrar. Nos países mais pobres, como o Haiti, além da crise e dos
conflitos internos que o país enfrenta, a catástrofe natural de 2010 foi um
fator agravante da péssima condição da maioria da população.
Seguindo a primeira linha era possível falar da imigração europeia para
o Brasil, com o incentivo do governo brasileiro a atração de mão de obra de
Portugal, Espanha e outros países europeus para o mercado de trabalho
brasileiro.
Mas também não se deve negligenciar o retorno de muitos brasileiros que tinham
emprego nestes países. Pode-se dizer que existe um grande movimento de migração
de retorno em escala mundial dos brasileiros que um dia deixaram o país em
busca de melhores condições e, após a crise, viram na terra natal uma
oportunidade de melhores condições e retorno ao lar. Como no fragmento abaixo,
tirado do blog Estadão: “A pior crise econômica dos
últimos 70 anos poupou o Brasil. Mas, para milhares de brasileiros no exterior,
a recessão os transformou em algumas das vítimas mais afetadas. Em quase todos
os países atingidos, os imigrantes foram os primeiros a ser demitidos. Hoje,
três anos depois da eclosão da crise, um número cada vez maior de brasileiros
que vivia na Europa e no Japão tomam o caminho de volta para casa, em busca de
uma melhor situação em sua própria terra.”
Caso a escolha do tema seguisse a segunda linha de raciocínio, o
candidato poderia abordar temas como a imigração de haitianos ou de bolivianos,
argentinos, chilenos, angolanos, entre outros, que buscam melhores condições de
vida no Brasil. Na maioria dos casos, estes imigrantes possuem pouca ou nenhuma
qualificação e vão trabalhar no setor terciário, construção civil ou na
informalidade. Um fato a ser considerado é que grande parte ou quase a
totalidade desses imigrantes, entram no país de forma ilegal. Poucos conseguem
o visto de trabalho e legalizam sua estadia, e a maioria continua a trabalhar na
economia subterrânea. A posição de ilegal pode trazer risco a essas pessoas,
sendo um deles a exploração no trabalho. Este é o caso de muitos bolivianos que
entram no país. Como aborta o texto da Universidade Metodista de São Paulo: “‘Morrer antes que viver como escravos’. Este
é o lema da Bolívia, cantado no refrão do Hino Nacional do País. No entanto, é
como ‘quase’ escravos que cerca de 50 mil bolivianos trabalham em fábricas de
roupas em São Paulo”.
Outro exemplo desse tipo de imigração é o caso dos haitianos. No inicio,
muitos se instalaram pelo norte do país, principalmente no estado do Amazonas.
Agora, eles já chegam a São Paulo. Como dito anteriormente, a motivação da
imigração desse povo é fruto de um fator econômico e natural. O governo
brasileiro tenta conceder visto a estes, porém o número de imigrantes cresce sem
parar. O que piora a situação é que assim como ocorre na imigração para os
Estados Unidos, os “coiotes” (como são conhecidos os responsáveis por facilitar
a entrada dos imigrantes de forma ilegal) atuam explorando e cobrando altos
valores para realizar a entrada deles no país. Outros problemas como fome,
roubo e risco de vida estão inerentes a travessia ilegal.
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=591535&tm=6&layout=121&visual=49
http://www.computerworld.com.pt/2012/08/24/brasil-incentiva-imigracao-de-profissionais-qualificados/
http://blogs.estadao.com.br/jt-seu-bolso/crise-forca-a-volta-de-brasileiros/